quinta-feira, 6 de novembro de 2008

The Lonely - Capítulo 1

“Onde é que uma lágrima começa? Onde é que ela termina? Qual é o motivo de tudo? Por que não podemos simplesmente sermos felizes?”
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Ninguém sabe o que aquilo significava. Ninguém saberia. Pietro guardava um lenço velho e nele, escrito aquelas perguntas. As perguntas que, para Pietro, não teriam resposta, por mais longe que fosse. Não, elas ficariam ali, continuariam sendo perguntas sem respostas para todo o sempre.
“Qual o motivo de tudo?”, pensou consigo mesmo enquanto esquentava o café. Em seu pequeno apartamento de um só cômodo, Pietro olhou para a mulher que dormia em sua cama. Sua namorada, ou melhor, o que Eleanor queria, mas eram apenas duas pessoas que se encontravam pra matar a solidão. Eleanor era sozinha e Pietro ainda mais sozinho.
Solitário e distante. Pietro era do jeito que era. Seus olhos eram negros, sua pele era clara e seu cabelo era castanho, praticamente preto. Sua boca era pequena e quase nunca esboçava um sorriso. Pietro era alto e sempre caminhava olhando pro céu.
“Qual o motivo de tudo?”, se distraiu em seus pensamentos quando a mulher, enrolada no lençol, o abraçou. Não a olhou com um olhar apaixonado, apenas um olhar solitário. E era só isso que ele era.
- Bom dia, querido. – Eleanor deu um beijo em seu rosto – Que amor, preparando o café pra mim.
- Bom dia, Eleanor. Desculpe, mas o café é pra mim, logo terei que ir estudar. Não posso perder tempo com essas coisas. – ele pegou a xícara e levou até a boca, tomou um gole e então completou. – Qual o motivo de tudo, Eleanor?
- Que conversa é essa? – ela sorriu e puxou uma cadeira para perto de Pietro – Ninguém sabe, não é? Mas eu te amo, Pietro.
- Então acho que não podemos nos ver mais. Não quero que ninguém se apaixone por mim, porque eu não vou ser capaz de me apaixonar por ninguém. – tomou mais um gole, se levantou, vestiu o casaco, e fora para a porta – Por favor, deixe a chave com o vizinho, ou em baixo do tapete.
- Querido, vamos, pare já com essa conversa.
- Verdades têm de ser ditas, não é? Eu não a amo, logo esse seu sentimento não é recíproco. Não vamos nos ver mais. Isso não faz diferença pra mim, mas pra você sim. Então é melhor terminar com isso logo, não é? E Eleanor, foi divertido. Você matou minha solidão por alguns instantes. – fechou a porta e foi embora.
Pietro por fora era como uma pedra de gelo, olhando daquele ângulo, deduzia-se que gelo corria em suas veias. Seu jeito de tratar a todos sempre fora o pior possível e não parecia haver qualquer indicio de amar Eleanor, mas ao fechar aquela porta, sentiu uma lágrima rolando por sua face. “Onde é que uma lágrima começa?”, perguntou a si mesmo. Não que ele fosse apaixonado por ela, mas de certa forma, Pietro amava Eleanor. A amava, pois ela tirou sua solidão em alguns momentos. Mas seu amor por ela não se passava de um sentimento de gratidão.

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"Don't ask me what you know is true"
INXS

Um comentário:

Inin disse...

Esse texto me lembra alguém. (?)
Mas eu gostei, ficou muito.APROVADO!