domingo, 16 de novembro de 2008

Holy Mountain


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"Child,
Hush your mouth.
Innocence, please don't speak."
............The C u l t

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Tudo estava bem...

...Mas então, eles a levaram dele. Não se podia fazer nada. Era apenas isso: com um tiro no peito, a vida dela fora tirada. E nada podia ser feito; não haveria mais risos, alegria, felicidade. Não havia mais os cafés da manhã na cama. Não haveria mais os dias em que eles nem se levantavam da cama, não havia mais nada. Apenas o fato de que, ao resistir que levassem o anel que ele havia dado pra ela, sua vida fora tirada.Tudo agora era tão mudo e preto e branco como os filmes antigos. Tudo agora não fazia sentido. Tudo era muito revoltante. Eles a levaram dele, apenas porque ela quis proteger algo realmente valioso: não por ser um anel valioso, não por ser um anel bonito, mas por ser algo, sentimentalmente falando, especial. E, dentro de seu quarto, no meio da escuridão, ele se perguntou que mundo era aquele.Nada podia ser feito. E então o chão se abriu e no meio de um abismo sem fim, ele ia caindo. Poderia ser um terrível pesadelo, mas não, era a dura realidade; assim como a escuridão é a realidade de um cego.Não houve um beijo de despedida, não houve carinhos. Nada. Apenas alguém que não percebera que aquilo era importante. Alguém que não teve compaixão, ou pelo menos, qualquer sentimento de tolerância. Apenas um tiro no peito. Apenas uma vida tirada. Apenas um amor interrompido.Se perguntou então o porquê daquilo, mas a resposta não veio. Não tinha mais certeza de nada, apenas o fato de que, com um tiro no peito, levaram-na dele.
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"They hold no quarter
They ask no quarter."
Led Zeppelin
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P.S.: Você pode interpretar o texto como uma crítica à atual situação da violência de São Paulo.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

The Lonely - Capítulo 1

“Onde é que uma lágrima começa? Onde é que ela termina? Qual é o motivo de tudo? Por que não podemos simplesmente sermos felizes?”
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Ninguém sabe o que aquilo significava. Ninguém saberia. Pietro guardava um lenço velho e nele, escrito aquelas perguntas. As perguntas que, para Pietro, não teriam resposta, por mais longe que fosse. Não, elas ficariam ali, continuariam sendo perguntas sem respostas para todo o sempre.
“Qual o motivo de tudo?”, pensou consigo mesmo enquanto esquentava o café. Em seu pequeno apartamento de um só cômodo, Pietro olhou para a mulher que dormia em sua cama. Sua namorada, ou melhor, o que Eleanor queria, mas eram apenas duas pessoas que se encontravam pra matar a solidão. Eleanor era sozinha e Pietro ainda mais sozinho.
Solitário e distante. Pietro era do jeito que era. Seus olhos eram negros, sua pele era clara e seu cabelo era castanho, praticamente preto. Sua boca era pequena e quase nunca esboçava um sorriso. Pietro era alto e sempre caminhava olhando pro céu.
“Qual o motivo de tudo?”, se distraiu em seus pensamentos quando a mulher, enrolada no lençol, o abraçou. Não a olhou com um olhar apaixonado, apenas um olhar solitário. E era só isso que ele era.
- Bom dia, querido. – Eleanor deu um beijo em seu rosto – Que amor, preparando o café pra mim.
- Bom dia, Eleanor. Desculpe, mas o café é pra mim, logo terei que ir estudar. Não posso perder tempo com essas coisas. – ele pegou a xícara e levou até a boca, tomou um gole e então completou. – Qual o motivo de tudo, Eleanor?
- Que conversa é essa? – ela sorriu e puxou uma cadeira para perto de Pietro – Ninguém sabe, não é? Mas eu te amo, Pietro.
- Então acho que não podemos nos ver mais. Não quero que ninguém se apaixone por mim, porque eu não vou ser capaz de me apaixonar por ninguém. – tomou mais um gole, se levantou, vestiu o casaco, e fora para a porta – Por favor, deixe a chave com o vizinho, ou em baixo do tapete.
- Querido, vamos, pare já com essa conversa.
- Verdades têm de ser ditas, não é? Eu não a amo, logo esse seu sentimento não é recíproco. Não vamos nos ver mais. Isso não faz diferença pra mim, mas pra você sim. Então é melhor terminar com isso logo, não é? E Eleanor, foi divertido. Você matou minha solidão por alguns instantes. – fechou a porta e foi embora.
Pietro por fora era como uma pedra de gelo, olhando daquele ângulo, deduzia-se que gelo corria em suas veias. Seu jeito de tratar a todos sempre fora o pior possível e não parecia haver qualquer indicio de amar Eleanor, mas ao fechar aquela porta, sentiu uma lágrima rolando por sua face. “Onde é que uma lágrima começa?”, perguntou a si mesmo. Não que ele fosse apaixonado por ela, mas de certa forma, Pietro amava Eleanor. A amava, pois ela tirou sua solidão em alguns momentos. Mas seu amor por ela não se passava de um sentimento de gratidão.

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"Don't ask me what you know is true"
INXS

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Queria

Queria, queria tanto e não podia pegar. Ali, na minha frente, parecendo tão perto, e ao mesmo tempo, tão distante. Eu queria. Queria e não podia pegar. E a grande abstinência naquela hora, corroeu todo o meu eu por dentro. Que piada.
Queria tanto que o desejo corroia meu coração. Queria mais do que qualquer coisa, mas não podia. O verbo querer não significa poder, mas eu queria. Queria que significasse.
Queria não ser como poeira no vento, queria me eternizar de algum jeito. Não queria que a neve derretesse; queria que ela ficasse pra sempre.
O frio congela o corpo e esquenta o coração de quem tem algo ou alguém pra amar. Queria ter o meu coração aquecido e abraço. E, quem sabe, amado. Queria tanto que por muitas vezes chorei. Chorei tanto, e queria sorrir. Apenas queria.
Queria que minha vida não fosse aquela piada de sempre, queria apenas ter algo significante nela. Não queria me esconder atrás de um romance falido ou de algum drama. Queria que o mundo me conhecesse de alguma forma, queria tanto. Mas não podia. Queria não chorar pelo fato da minha vida não ter sentido algum. Queria sorrir.
Queria ser a luz no fim do túnel de alguém, queria ter a minha luz no fim do túnel.
Queria tanto o que não tinha que perdi o que tinha, queria o que não podia, mas o que podia eu não queria. Não pude aproveitar o que tive, apenas sonhar com o que eu queria. Queria apenas ter de volta o que eu tinha, queria não querer o que eu queria. Queria poder não sonhar. Que piada.

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I'm a loser, what a joker... (♫)
Supertramp
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Inspirada na música do Pearl Jam - Wishlist ;*

domingo, 2 de novembro de 2008

Wishlist

I wish I was a neutron bomb
for once I could go off
I wish I was a sacrifice
but somehow still lived on
I wish I was a sentimental
ornament you hung on
the Christmas tree, I wish I was
the star that went on top.
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I wish I was the evidence
I wish I was the grounds
for fifty million hands up raised and
opened toward the sky.
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I wish I was a sailor with
someone who waited for me
I wish I was as fortunate
as fortunate as me.
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I wish I was a messenger
and all the news was good
I wish I was the full moon shining
off a camaro's hood.
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I wish I was an alien
at home behind the sun
I wish I was the souvenir
you kept your house key on.
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I wish I was the pedal break
that you depended on
I wish I was the verb to trust
and never let you down.
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I wish I was the radio song
the one that you turned up
I wish, I wish, I wish, I wish
I guess it never stops.
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. P e a r l J a m .

sábado, 1 de novembro de 2008

Old Childhood


"Tato é só tato, audição ou visão.... Amigo imaginário."
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Amigo que nunca vai embora, nunca trai, nunca morre. Amigo imaginário. Não importa onde estiver, ele está lá. E se faltar espaço, a gente inventa um pra ele caber. Amigo imaginário nunca vai embora nessa solidão, tanto faz. Não importa seu humor, ele dorme e acorda com você. Amigo imaginário não tem casa, não tem cama. É um amigo oculto e não precisa brincar de casinha com você.
Quem precisa de simples humanos como amigos quando se tem algo como um amigo imaginário? E quem precisa acreditar? O amigo oculto está lá por você e se alguém te achar um louco tanto faz, a gente inventa novos amigos pra poder brincar.
Amigo oculto, amigo imortal. Que não se foi e nem se vai, tanto faz. Nessa escuridão ele ainda prova que está lá, e não vai embora a menos que você também for. Não precisa de aperto de mão, beijos ou abraços. E se alguém não acreditar, a gente inventa novas pessoas pra poderem acreditar.
Se os outros acharem a sua brincadeira chata, o amigo imaginário vai brincar com você. E se faltar diversão, a gente inventa qualquer outra brincadeira pra poder se divertir.
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"...E a gente não se cansa
De ser criança. A gente brinca
Na nossa velha infância..."
T r i b a l i s t a s

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Fevereiro de 1995

As estrelas de fevereiro nunca estiveram tão bonitas como naquele ano. O céu sempre tão estrelado, tão bonito, tão vivo. Naquele ano New York era tudo pra mim, as pessoas, o ar... Eu era apaixonado por tudo aquilo, mas mais apaixonado ainda, eu era por alguém, seu nome? Era Charlie e ela tinha um jeito diferente do normal: não era a mais inteligente, nem a mais bonita. Não era a mais compreensiva e nem a mais engraçada. Mas era a mais única, se é que me entendem. Daria pra fazer um livro só daquele inverno que passamos juntos em dezembro. Só tenho a declarar que meu amor por ela era e é muito grande, sem dimensões. E quem sabe o que poderia acontecido se ela não tivesse ido embora?
Eu, um simples guitarrista de um banda que não teria chances de sair do anonimato e ela, uma estudante de Engenharia. Na verdade, eu sempre fui egoísta e não iria abandoná-la pra ela seguir em frente, mas confesso que tinha medo de atrapalhá-la. Charlie fazia parte das estrelas de fevereiro. Naquele mês completávamos um ano de namoro, amizade e companheirismo porque era o que éramos: não éramos só dois namorados, éramos dois irmãos. E como dois irmãos siameses, eu repudiava a idéia de vê-la indo embora.
Naquele dia as estrelas estavam mais do que lindas no céu. Pareciam querer completar o cenário perfeito do nosso aniversário de namoro. Comprei rosas e uma corrente com um pingente de uma guitarra nele. Lembro de que quando ela viu aquilo, ela adorou. Então decidi que no nosso aniversário de namoro iria dar aquilo pra ela. De tarde, liguei pra ela e pedi pra que ela fosse se encontrar comigo, mas sua voz no telefone era seca, digo isso porque acabo de perceber, na hora eu não liguei. Me arrumei rumo à noite mais inesquecível da minha vida.
E lá vinha vindo ela, mas não estava arrumada, aliás, estava com uma calça de moletom e uma blusa. Com os braços cruzados e com os seus olhos castanhos fixados nos meus olhos. Ali tive certeza de que estava havendo alguma coisa então fora apenas uma única frase ‘Me desculpe, mas não o amo mais. ’, foi o que ela disse e foi embora. A corrente e as flores caíram no chão e o meu mundo caiu por terra. Achei que estivesse brincando, mas ela estava falando sério. E não parecia sofrer por aquilo ela simplesmente se desculpou e disse que naquele dia, quando acordou e olhou pra nossa foto em cima da escrivaninha ao lado da cama, simplesmente percebera que não me amava mais.
É tudo muito diferente, nada do jeito que você quer, nada do jeito que você precisa, nada do jeito que você deseja. Tudo do jeito que os outros querem: nada depende de você. Tudo seria do jeito que eles queriam e nada nem ninguém poderia mudar aquilo. E tudo foi muito contraditório: ela me esqueceu de um dia pro outro, e mesmo após anos, eu não consigo esquecê-la.
E era só o tempo, se pensar bem. Tudo acabaria. Mais cedo ou mais tarde, durando muito tempo ou pouco tempo. Tudo acabaria. Simples e doloroso, invisível e fatal. O amor não é eterno, e nada dura para sempre, mas as cicatrizes, ela duram mais que a esperança, amor, vida ou carinho; elas duram mais que qualquer coisa que as pessoas inventaram pra se sentir confortáveis nesse imenso mundo onde nem sempre o céu é cheio de
estrelas.
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"February stars
Floating in the dark
Temporary scars
February stars"
Foo F i g h t e r s (♫)